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Após o aparecimento do Escutismo Católico em Portugal que foi fundado em 1923 em Braga pelo saudoso Arcebispo Primaz, D. Manuel Vieira de Matos, o Corpo Nacional de Escutas depressa se desenvolveu espalhando-se pelo país além e a Madeira também se entusiasmou com a iniciativa desse movimento destinado ás crianças e jovens nas idades compreendidas entre os seis e os catorze anos de idade. Pois era uma lacuna existente no seio da sociedade madeirense pois as crianças e jovens dessa época apenas tinham a escola, a catequese e trabalhos ou tarefas domesticas que eram obrigados a executar por carências familiares e por hábitos de obrigação, pelo que em muitos casos a escola era secundarizada daí a existência de analfabetismo que durou durante as primeiras décadas do século XX.

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CNE-MADEIRA: CONTRIBUTOS

De Corpo Nacional de Scouts (CNS) a Corpo Nacional de Escutas (CNE)

Assim, a hierarquia da Igreja madeirense empenhou-se no sentido de criar e desenvolver um projecto de formação duma equipa de animação para na Madeira se adoptar também o escutismo católico e promover a criação de grupos de jovens para que se iniciasse a fundação do Escutismo que rapidamente se conclui seria uma mais valia para a formação e desenvolvimento da juventude madeirense.

Os primeiros passos constam ter nascido no seio da Juventude Católica que a partir de 1926 foi amadurecendo a ideia e desenvolvendo acções no sentido de encontrar quem chefiar tal movimento, pois jovens haviam em abundância mas dirigentes animadores precisavam-se e era necessário descobri-los e preparar para que estudassem a metodologia do movimento bem como a sua pedagogia e actividades para interessar aos jovens. Não foi tarefa fácil pois é sabido que alguns dirigentes da Acção Católica da altura não aceitaram bem a ideia de se criar outro movimento no seio da Igreja que os viesse dividir ou enfraquecer em termos numéricos. Mas também é verdade que na altura já a Madeira tinha a experiência e a existência de Escoteiros da Associação irmã que é a A.E.P - Associação de Escoteiros de Portugal, que ao tempo estavam ligados às Igrejas Protestantes e não era muito do agrado da Igreja Católica a concorrência. De tal forma que foi debatida a questão no seio da Igreja Católica de forma a manter a ideia da fundação do Escutismo Católico na Madeira o que aconteceu a partir de 1927.

Neste momento não se sabe ainda qual a carta ou outro documento que validou ou oficiou o desejo do prelado madeirense na época, mas conhecem-se sim quais os eleitos da Igreja Madeirense que após largo tempo de treino e formação, formaram a primeira equipa de Junta Regional do C.N.E. na Madeira que fora constituída em 1927, juntamente com as regiões de Viseu, Guarda e os núcleos da Régua e Coimbra. O ano de 1927, além de ficar na história do CNE pela criação da Junta Regional da Madeira, que completava a cobertura do território insular adjacente, ..."

In Corpo Nacional de Escutas – Uma História de Factos (subsídios), de João Vasco Reis;

 

Assim, o Corpo Nacional de Escutas teve o seu início na Madeira no ano de 1928. Oficialmente tudo começou na manhã de 8 de Dezembro desse longínquo ano, na Igreja do Colégio. Foi lá que se realizaram as promessas dos primeiros elementos desta Associação, pertencentes ao Grupo Sénior nº5.

 

Com esta investidura solene ficou assim constituída a primeira Junta Regional: Comissário Regional: Capitão Eduardo dos Santos Pereira; Director: Padre Jorge de Faria e Castro; Secretários: Engº António Henriques de Araújo; Médico Dr. José da Cunha Tavares da Silva; Chefes da Escola de Instrutores: José Vieira da Luz Júnior, Jorge Gordon e Tenente Gregório Paiva da Cunha.

 

O primeiro Grupo fundado foi o nº 5 "Infante Dom Henrique" do qual era chefe António J. Caíres, Júlio Armando Figueira e João Viríssimo Nunes, José Vieira da Luz, José Damião Gomes Henriques, Humberto O. Pereira, João Eurico Abreu Gomes, Fernão Henriques Cunha, António Soares Passos Júnior, Jaime Ramos, Vasco Gonçalves, António Figueira de Sousa, Luiz Freitas Ferraz, João Soares Júnior, Carlos de Sena Freitas, Alberto Figueira Gomes, Mário Aurélio Rodrigues, António Melim, Francisco Deus Abreu Gomes, Carlos Gomes Henriques, João Nóbrega Santos Pontes, Carlos Armando Figueira, António Tiburcio Figueira, João de Freitas Pestana, José Fernandes Relva, Armando Machado e João Semião Santos, João Sabino.

 

Desde então foram surgindo outros grupos como o n.º 55 na Freguesia de S. Roque, que foi fundado na década de 40. A sede deste Grupo era numa dependência da própria Igreja. O clã n.º 72, fundado igualmente na década de 40 tendo à frente o dirigente Aurélio Palermo cuja Sede era na Rua do Seminário no Funchal e Freguesia da Sé - Funchal. O grupo n.º 76 - São Gonçalo, com patrulhas em Porto Santo e Caniço, o n.º 88 em Santa Maria Maior – Socorro, surgindo também as Alcateias que eram unidades destinadas apenas a crianças com idades compreendidas entre os 6 e os dez anos. Os denominados Grupos destinavam-se a jovens das idades de 11 aos 16 anos e os Clãs destinados a jovens de idades compreendidas entre os 17 e os 25 anos de idade desde que solteiros sendo denominados de Caminheiros. O n.º 148 em S. Pedro - Funchal em 1962. Desde então os Grupos foram, por alteração dos estatutos e de nova regulamentação, constituídos em Agrupamentos aglutinando assim a Alcateia, o Grupo e o Clã dentro da mesma freguesia. Portanto que o Grupo n.º 5 é hoje conhecido como o Agrupamento 215.

 

Em 1940 regista-se na História do Escutismo Madeirense uma carta de Baden Powell assinada pelo próprio e dirigida ao Chefe do Grupo n.º 88, Adelino Rodrigues, cujo teor aqui se reproduz. Já em 1931 B-P havia passado pela Madeira onde foi recebido e aclamado pelos Escuteiros de então.

 

Novos Agrupamentos como os Escuteiros Marítimos que lhes foi atribuído o nº 217 – de realçar que o Escutismo Marítimo na Região teve inicio em 1953, tendo nascido no seio do Clã n.º 72, uma patrulha marítima onde faziam parte os Caminheiros Victor Caíres, Cruz, Sílvio, Maurílio e Sérgio Alves – o n.º 217, 235, 238, 420, 432, 571, 825.

 

O Escutismo até 1965 era apenas para jovens do sexo masculino mas, as jovens raparigas manifestavam insistentemente desejo de serem elas também Escuteiras e partilhar das mesmas actividades que os rapazes. Embora tenha havido grande resistência por parte da Associação e informando-as de que havia uma Associação destinada às raparigas como por exemplo a A.G.P - Associação de Guias de Portugal mas as jovens não aceitaram pois desejavam estar lado a lado com os rapazes e praticar actividades de igual para igual. Havia alguns receios na época por parte das chefias, pois era necessário para o efeito preparar Dirigentes para que a co-educação se pudesse tornar realidade e o facto é que foi tanta a persistência das meninas, que provocou a admissão de raparigas.

 

Muitos jovens passaram pelo CNE na Madeira, muitos ainda cá se encontram neste momento, e muitos mais virão a seguir, dando continuidade ao trabalho iniciado há oitenta anos. O último Jamboree da Madeira foi realizado no ano de 1994.

A Região Escutista da Madeira abrange os limites da Diocese do mesmo nome, ou seja todo o arquipélago de que se destacam as ilhas da Madeira e Porto Santo, as duas que são habitadas.

Facto digno de relevo foi a visita, em 9 de Julho de 1931, do Chefe Mundial do Escutismo Lord Robert Baden-Powell, de passagem pela Madeira. Recebido pela chefia regional, manifestou-lhe as melhores impressões do escutismo local, bem elucidativas na sua mensagem que abaixo se transcreve: "Fiquei hoje encantado com a apresentação e a disciplina dos escuteiros da Madeira e desejo-lhes todos os sucessos e «bom acampamento»".

Merece também registo especial a visita de Humberto Martin, Chefe do Bureau Internacional de Londres, a quem se deve a representação do CNE no III Jamboree Internacional de 1933, em Gödöllo, Hungria, feita exclusivamente por escuteiros madeirenses.

Honra-se também o CNE de ter sido louvado pelos magníficos serviços que prestaram os Escutas madeirenses no Hospital de Sangue, instalado na Misericórdia do Funchal, em 1932, aquando da " Revolução das farinhas" que pôs a ilha em sobressalto.

Actualmente o CNE Madeira congrega cerca de 1000 Escuteiros, distribuídos pelos 16 Agrupamentos existentes nos seguintes Concelhos da Região:

  • * Funchal (7): 216 – S. Martinho, 217 – Sé, 238 – São Roque, 420 - Nazaré, 432 – Sagrado Coração de Jesus, 571 – Santo Amaro e 1347 – Álamos;
  • * Câmara de Lobos (2): 1082 – Santa Cecília e 1160 – Encarnação;

  • * Ribeira Brava (1): 1353 – Ribeira Brava ;

  • * Calheta (1): 1298 – S. Francisco Xavier;

  • * Santa Cruz (3): 921 – Santa Cruz, 943 – Assomada e 1288 – Camacha;

  • * Machico (1): 825 – Machico;

  • * Porto Santo (1): 999 – Porto Santo

Actualmente existem contactos outras no sentido de ai nascerem novos Agrupamentos do Corpo Nacional de Escutas. A Costa Norte da Madeira é aquela onde o Escutismo Católico ainda não está implantado, apesar de várias tentativas e da existência, durante alguns anos, de Agrupamentos no Porto Moniz e São Vicente, que acabaram por ser encerrados devido essencialmente à falta de Adultos Voluntários que queiram dedicar-se a este Movimento Juvenil.

Emiliano de Freitas e Luís Carvalho

texto actualizado pela JRM 16/10/14

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